Viva São João!

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Arraial de São João (2102), Assis Costa, Currais Novos/RN.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

MORRE ESTAMIRA, mas sua mensagem ficará impregnada em cada um daqueles que lutam por dias melhores.

Jornal Foha de São Paulo


Homenagem Póstuma:

Estamira! Mulher negra, resistente, trabalhadora!

ESTAMIRA, PRESENTE!



Ontem a tarde (27 de julho de 2011) Estamira Gomes de Souza, mulher negra da classe trabalhadora, catadora de lixo no Aterro do Gramacho (Rio de Janeiro) nasceu ao contrário. Tinha 72 anos e morreu cansada, mal cuidada e principalmente: não ouvida (paradoxalmente tão escutada no mundo inteiro). A protagonista do filme que leva seu nome, dirigido por Marcos Prado e lançado em 2004 agonizou por horas no Hospital Miguel Couto, na Gávea, desassistida pelo SUS e incapaz - como a imensa maioria dos trabalhadores - de comprar sua assistência em um hospital particular...

De toda forma, Estamira passou sua vida em pé, trabalhando, replicando sua existência dentro dum lixão, desatenta aos levantes manicomiais de empresários-da-saúde-mental que discorrem trocadilos sobre técnicas arcaicas repaginada, assistência integral, novos medicamentos, cuspindo cifras...

Alheia aos professores de Psicologia que passam o filme nas aulas e todos saem das salas com mal estar, surpresos, com pena. No ano que vem, uma nova turma assistirá sua história. Turo bem: esta arte nos permite a distância, a contemplação, o nãop envolver-se e o não implicar-se.

Escutamos Estamira e observamos mais uma que sofre numa massa de trabalhadores negros, homens e mulheres que apodrecem todos os dias. Estamira é apenas mais uma entre os milhares de loucos da classe trabalhadora que já não valem mais nada ao sistema do capital e que por isto - e só por isto - são jogados no lixo para se confundirem ao inútil e ao descuido nos aterros e favelas do país...

Não nos interessa a mera constatação de que algo vai errado. Interessa a luta pela efetividade da atenção à saúde mental no Brasil. Interessa à consolidação de equipes multidisciplinares, a efetivação da Reforma Psiquiátrica, a redução de danos, a porta aberta nos equipamentos, a defesa intransigente de uma vida digna e sem desigualdade social para todos os trabalhadores. Lutando, honramos Estamira e todos os seus irmãos e companheiros desconhecidos, que nunca estrlarão um filme mas que também querem visitar o mar.



Fonte: NEPS/UERJ- Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em saúde Mental e Atenção Psicossocial da FASSO/UERJ.





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